Na tarde de 20 de março de 2002, às 16 horas, o Sol atravessou o plano da eclíptica, do sul para o norte, marcando o nosso equinócio de outono e o primeiro ponto de Áries, a base do sistema de coordenadas equatoriais. Isto depois de ter passado, em 22 de dezembro o máximo de declinação sul, quando marca o trópico de Capricórnio. Epa!
O Sol não estava em Áries: estava na constelação de Peixes! E não é novidade! O Sol está em Peixes deste o ano 60 AC! No dia 22 de dezembro o Sol não estava em Capricórnio e sim em Sagitário, pertinho de Ophiúco! No solstício de inverno, em 21 de junho de 2002 o Sol não estará em Câncer. Já terá ultrapassado Gêmeos e estará em Touro!
Tem algo de errado aí!
As linhas de trópico são paralelas ao equador, marcadas pelos solstícios, as declinações máximas do Sol, no seu aparente movimento norte-sul anual. Estas linhas foram chamadas de Trópico de Câncer, no hemisfério norte, e Trópico de Capricórnio, no hemisfério sul. Estes nomes foram determinados pela constelação onde o fenômeno ocorria. Mas com o passar do tempo, um fator movimenta estes pontos: a precessão. Durante o movimento de rotação, a Terra "bamboleia" no espaço, modificando a direção do seu eixo de rotação. Este fenômeno é similar ao de um pião, transportado para a escala planetária. Esta precessão tem um ciclo de 26.000 anos, após os quais, os pontos voltarão às suas posicões originais.
Modificando a posição dos equinócios, este movimento bagunçou completamente os mapas dos astrólogos, que não alteraram as datas em suas "previsões".
Os nomes dos trópicos se tornaram tão conhecidos da maneira tradicional, como foram batizados, que seus nomes não foram atualizados.
Mas a rigor, hoje deveríamos chama-los de Trópico de Touro e Trópico de Sagitário!
Apenas para registro: o Trópico de Capricórnio fica na latitude 23º 27' Sul, e corta a cidade de São Paulo. Ao meio dia na data do solstício de verão o Sol está exatamente a prumo sobre a cabeça dos paulistanos.