Muita gente acha que o dia juliano tem algo a ver com o calendário juliano, isto porque o nome de um confunde uma homenagem ao nome de outro.
O calendário juliano tem este nome porque foi instituído pelo imperador romano Júlio César no início da era cristã (veja nesta seção Os calendários) .
Já o período juliano é muito mais recente, proposto em 1583 pelo cronologista francês Joseph Justus Scaliger (1540-1609) e assim chamado em homenagem a seu pai, Julius Caesar Scaliger, que por sua vez tinha este nome em honra do famoso imperador.
O tempo transcorre como uma equação linear, em um único sentido e, praticamente com "velocidade" constante. Quando trabalhamos com equações que envolvem tempo, deveríamos usar um padrão de medida que tivesse estas características. No entanto nossos calendários não obedecem a estes critérios, segmentando os registros em anos, meses, semanas e dias. Para solucionar este problema, Joseph Scaliger propôs o uso de um período de 7.980 anos, onde os dias seriam numerados seqüencialmente de maneira a facilitar o cálculo do tempo decorrido entre dois fenômenos, mesmo se registrados em calendários diferentes. Usando este sistema, poderemos somar ou subtrair datas, multiplicar ou dividir períodos, o que não pode ser feito em nenhum outro sistema sem o uso de trabalhosas conversões.
Scaliger definiu que o início para contagem dos dias seria o dia 1º de janeiro de 4.713 antes de Cristo. Numerando os dias a partir daí, chegamos hoje ao numero 2.452.535,0.
O período de 7980 anos foi estabelecido com base nos ciclos do calendário juliano, de 28 anos, quando os dias da semana voltam a coincidir com as datas; o ciclo Metônico de 19 anos, quando as fases da Lua voltam a se repetir nas mesmas datas; e o ciclo de indicção, de 15 anos: um período de taxas usado na Roma antiga, o ano fiscal romano, que começava a cada 1º setembro e que havia sido adotado pela igreja católica. Multiplicando uns pelos outros, Scaliger encontrou o período de 7.980 anos, comum aos três sistemas. Retroagindo as datas ele encontrou um dia quando os três ciclos se iniciavam simultâneamente: 1º de janeiro de 4.713 A.C.
Como o sistema era destinado principalmente às observações astronômicas, convencionou-se que a mudança de data se faria ao meio dia, e não à meia noite, o que poderia quebrar a seqüencia de uma observação. O meridiano de referência adotado foi o de Greenwich, para normalizar os registros de todo o mundo. A partir desta data, os dias foram numerados seqüencialmente até chegarmos aos nossos dias.
O dia juliano é composto de uma parte inteira, que indica o dia, e uma parte fracionária, para especificar o instante de ocorrência do fenômeno. Para isso basta anotar a hora, minuto e segundo e transformá-los para frações decimais do dia.
Uma boa maneira de registrar o dia juliano é anotá-los em um calendário ou em uma agenda antes de fazer as observações. Lembre-se de corrigir a hora local para Tempo Universal ou hora de Greenwich. Depois basta calcular a parte fracionária e juntar ao número da data.
Para calcular a parte facionária basta dividir as horas por 24 (número de horas do dia), os minutos por 1.440 (número de minutos do dia) e os segundos por 86.400 (número de segundos do dia) e em seguida somar as parcelas encontradas. O resultado será uma fração decimal com cinco algarismos significativos, que normalmente são suficientes para registro da maioria dos fenômenos cronometrados por astrônomos amadores.
Alguns programas de computador convertem diretamente a data gregoriana, hora, minuto e segundo simplesmente refazendo as contas a partir de uma data mais recente e da correção para a longitude do lugar.
17-set-2002