Circulando entre os planetas, encontramos
milhares de corpos rochosos, com tamanhos entre alguns metros e 1 000 quilômetros.
São os asteróides ou planetas menores. Concentrados numa
órbita entre Marte e Júpiter, eles são perturbados pelos
campos gravitacionais destes dois planetas e lançados em
órbitas irregulares, chegando a ameaçar a Terra com o risco de
uma colisão. Aliás, várias já ocorreram no passado, como
testemunham as cicatrizes que a Lua conserva. A Terra, muito
maior e com um campo gravitacional mais intenso, certamente
sofreu um número muito maior de impactos que a Lua, mas que a
erosão e o intemperismo se encarregaram de esconder. Hoje estes impactos são raros, mas como o número de asteróides cresce exponencialmente com a diminuição do
tamanho, o risco de colisão com um corpo de grandes dimensões
é bastante reduzido, mas não pode ser desprezado. Acreditamos
que um grande impacto deste tipo tenha modificado totalmente o
clima da Terra e destruído os dinossauros, 63 000 000 de anos
atrás.
Devido ao campo gravitacional, muito pequeno, seu formato
é sempre muito irregular, mas chamamos sua dimensão maior de
"diâmetro", estimado em função do seu brilho e da distância. Corpos similares de pequenas dimensões
são considerados como meteoróides, e caem sobre a Terra em
quantidades consideráveis, mas a atmosfera se encarrega de
destruir a maioria deles antes que atinjam o solo.
O primeiro e maior dos asteróides descoberto foi Ceres, com um diâmetro de 952 km, em 1 de janeiro de 1801. É tão grande e tem uma órbita tão regular, que foi re-classificado como um planeta anão.
Em alguns anos seguintes foram descobertos Palas, Juno, Vesta, e
Astraea, com diâmetros entre 500 e 200 km.
Os astrônomos observaram que com a redução do tamanho seu número aumentava
substancialmente e decidiram numerá-los, por ordem de descobrimento. Assim sua nomenclatura ficou: 1-Ceres, 4-Vesta, 5-Astraea, etc. Milhares deles já foram descobertos e suas órbitas levantadas. A descoberta e o estudo da órbita de 433-Eros foi fundamental na medição da distância da Terra ao
Sol. Às vezes ocorre que suas órbitas, já irregulares, sofrem modificações por passar perto de algum planeta e o asteróide se perde, sendo depois localizado e seus dados atualizados.
Após 66 anos, em outubro de 2003 foi redescoberto o asteróide Hermes, descoberto em outubro de 1937. Usando o radar do Observatório de Arecibo, os astrônomos conseguiram determinar que Hermes se compõe de duas rochas de 300 a 450 m de diâmetro muito próximas, que se orbitam num período de cerca de 17 horas. Este trabalho é, em grande parte, feito por astrônomos amadores.
Quando um asteróide é descoberto ele recebe uma designação
provisória, normalmente o ano do descobrimento seguido de duas
letras, que determinam aproximadamente a data. Após o
levantamento de sua órbita e dados físicos, ele recebe um
número e um nome definitivo.
Asteróides com características
comuns, foram agrupados em famílias. Giuseppe Lagrange
(1736-1813), o matemático ítalo-francês, propôs a existência
de pontos sobre a órbita, onde um corpo, sob a influência gravitacional de dois outros de maior massa, se manteria em repouso em relação a eles, formando triângulos equiláteros. O primeiro exemplo prático
dos pontos Lagrangeanos foi encontrado sobre a órbita de
Júpiter onde dois grupos de asteróides se mantêm estáveis, 60º antes e 60º depois do planeta. Estes asteróides
foram chamados Troianos e receberam nomes dos heróis da guerra
de Tróia, citados na Ilíada de Homero. Outra familia, a dos
Apolônios, assim chamados depois da descoberta de 1862-Apolo, tem
órbitas que cruzam perigosamente a órbita da Terra.
Asteróides podem estar no cinturão principal, no grupo dos Gregos ou Troyanos (pontos L4 ou L5 de Lagrange) sobre a órbita de Júpiter, ou no grupo dos Hildas, do outro lado do Sol.
Várias associações congregam os observadores de asteróides, como o MPC da IAU (Minor Planets Center da International Astronomy Union) que publicam regularmente suas posições e as ocultações previstas. O trabalho dos astrônomos amadores é de grande valia no acompanhamento, identificação e dimensionamento dos asteróides. Por exemplo, quando um asteróide oculta uma estrela, isto é, passa em frente de uma estrela, astrônomos do mundo inteiro cronometram esta ocultação e informam à associação, que compilando todos os dados e a posição dos observadores consegue determinar com precisão sua distância, os parâmetros da órbita e as dimensões do asteróide. Hoje sabemos que 2-Pallas mede 558 x 526 x 532 km graças a êste procedimento. Outro grupo é o NEOP (Near Earth Objects Project), coordenado pela NASA que mantém várias familias de asteróides sob vigilância para detetar os que apresentam algum risco de colisão com a Terra. Um pequeno telescópio pode permitir ver vários deles e acompanhar suas posições, noite após noite. Alguns dos mais brilhantes estão listados na tabela:
Asteróide | Magnitude máxima | Diâmetro (km) |
---|---|---|
4-Vesta | 5.1 | 555 |
2-Pallas | 6.4 | 558 |
1-Ceres | 6.7 | 952 |
7-Iris | 6.7 | 222 |
433-Eros | 6.8 | 20 |
6-Hebe | 7.5 | 206 |
3-Juno | 7.5 | 249 |
18-Melpomene | 7.5 | 164 |
15-Eunomia | 7.9 | 261 |
8-Flora | 7.9 | 160 |
324-Banberga | 8.0 | 256 |
1036-Ganymed | 8.1 | 40 |
9-Metis | 8.1 | 168 |
192-Nausikaa | 8.2 | 99 |
20-Massalia | 8.3 | 140 |
Um bom método de acompanhar estes planetóides, são as fotografias feitas através de telescópios com acompanhamento. Deste modo as estrelas aparecem como pontos fixos, enquanto o asteróide "risca" a foto devido ao seu movimento próprio. Além disso as fotos "integram" a luz que chega, permitindo visualizar magnitudes maiores.
Alguns asteróides têm órbitas mais distantes do Sol e chegam a disputar o título de planetas, devido às suas dimensões, como Varuna 2000-WR106. Em 1977 foi descoberto outro, 2060-Chiron, um enorme corpo de cerca de 1 000 km de diâmetro, em uma órbita muito além do cinturão de asteróides, entre 8 e 19 U.A. Com uma órbita tão afastada estes planetóides não poderiam ter vindo do cinturão de asteróides. Sua origem foi atribuída à existência de um outro cinturão, chamado cinturão de Kuiper, concebido para explicar a origem de Plutão e Charon. Ele ficaria além da órbita de Plutão, mas muito mais próximo que a Nuvem de Oort, a nuvem que dá origem aos cometas.
Recentemente foram descobertos
outros planetóides maiores que 2060-Chiron, que receberam as
designações de Quaoar, Eris (este maior que Plutão), Haumea, Makemake, etc. Seguindo a nova classificação, todos receberam a numeração clássica dos asteróides.
Veja mais dados sobre estes corpos em O sistema solar .
4-jul-2002