Os corpos com órbitas mais excêntricas e de comportamento mais imprevisível do sistema solar são os cometas. Com aparições espetaculares ou às vezes decepcionantes, são dos objetos mais procurados por amadores do mundo inteiro. Um dos motivos é a sua nomenclatura: o cometa toma o nome, ou os nomes, de seus descobridores! Qual astrônomo não gostaria de ver seu nome num deles? Um segundo motivo, é a expectativa de que ele possa ser mais brilhante, maior e mais espetacular que os já conhecidos. Apesar de sua descoberta ser um desafio quase impossível após o advento do projeto LINEAR-MIT (Lincoln Near Earth Asteroid Research do Massachusets Institute of Tecnology), um robô de busca automática de asteróides e cometas, recentemente um amador do Canada, Vance Avery Petriew, durante uma Star Party (literalmente, festa de estrelas, reunião de astrônomos amadores onde exibem seus telescópios e trocam informações), descobriu um deles: O cometa Petriew.
Ao contrário dos asteróides, que são rochosos, os cometas são formados de gelo e de impurezas, que ao se aproximar do Sol em suas órbitas de grande excentricidade, vaporizam parte de sua massa, que excitada pela radiação do Sol, brilha formando uma cabeleira. Normalmente 10 ou 12 deles podem ser observados ao mesmo tempo, mas poucos podem ser vistos a olho nu. Algumas vezes, parte destes vapores são arrancados pelo vento solar, formando uma cauda, em direção oposta ao Sol, que pode chegar a milhões de quilômetros de comprimento. Como seus núcleos são irregulares e giram a velocidades variadas, sua posição em relação ao Sol muda, gerando ciclos de maior e menor brilho e criando caudas raiadas ou irregulares. Alguns cometas de comportamento anômalo já apresentaram uma cauda, ou um jato de gases, em direção ao Sol!
Edmund Halley foi quem, pela primeira vez, sugeriu que os cometas eram corpos do sistema solar, e que apesar de seus aparecimentos caóticos, obedeciam às leis das órbitas elípticas, retornando após algum tempo. O grande cometa de Halley foi o primeiro a ter seu retorno previsto.
Como o cometa perde relativamente pouca massa em cada passagem, cerca de 1%, eles podem ser vistos várias vezes, são os cometas periódicos. Cometas com órbitas hiperbólicas fazem uma única passada e se perdem nas profundezas do espaço. Alguns cometas, como o de Lexell, passam perto demais de planetas de grande massa e são ejetados para fora do sistema solar, enquanto muitos outros penetram diretamente no Sol, e são vaporizados. Em 1994, o cometa Shoemaker-Levi-9, após ser despedaçado por uma passagem muito próxima de Júpiter, entrou em rota de colisão e bateu no planeta, causando grandes explosões e marcas que duraram semanas em sua superfície gasosa. O cometa Ikeya-Seki, observado em 1965 foi um dos mais brilhantes do final do século, podendo ser visto mesmo durante o crepúsculo.
Em 1974, o cometa Kohoutek, após a passagem do periélio perdeu repentinamente seu brilho, decepcionando a comunidade astronômica. Mesmo o tão esperado retorno do cometa de Halley em 1986, deixou grande parte do público decepcionado, já que a mídia exagerou muito as expectativas e divulgou a data da maior proximidade com a Terra, e não a data do maior brilho, e consequentemente de melhor visibilidade.
No final de 2006 e início de 2007 fomos surpreendidos pelo cometa c/2006p1 McNaught que teve um brilho tão intenso que pode ser observado durante o dia. Sua cauda deixou um rastro tão marcante que pode ser fotografada dos dois hemisférios simultâneamente.
Hoje acreditamos que os cometas tenham origem na Nuvem de Oort, uma nuvem de pequenos objetos gelados que existiria em torno do sistema solar, mas numa distância muito grande, cerca de 1 000 U.A. Deste modo, os cometas que vemos hoje, teriam iniciado sua jornada a caminho do Sol, há pelo menos 4 milhões de anos atrás. Alguns asteróides oriundos do cinturão de Kuiper apresentaram uma tênue cabeleira, característica dos cometas, mas que desaparecem com o passar do tempo.
Como os cometas sempre passam perto do Sol, que está em um dos focos de sua órbita, devemos procurá-los ao entardecer, logo após o pôr do Sol, ou de madrugada, antes que ele nasça. Use um binóculo ou um telescópio luminoso. Ao detetar um corpo difuso, certifique-se que não se trata de uma nebulosa ou galáxia já catalogada. Para isso você precisa ter mapas atualizados! Certifique-se de que o corpo está se movendo. Anote as coordenadas, faça um croqui do campo que o cometa está atravessando. Quando estiver certo de sua descoberta, mande um comunicado por escrito (telegrama, telex, e-mail) para um observatório oficial, e peça a confirmação da sua observação. Se for um novo cometa, esta documentação irá garantir a sua descoberta. Alguns registros são feitos com diferença de minutos ou segundos de outros observadores. Observadores do hemisfério sul, têm maior chance de descobrir um cometa: astrônomo no hemisfério sul é coisa rara e não temos um projeto LINEAR!
Boa Sorte!