Os Buracos Negros

Dúvidas e Perguntas?

Imagine uma região do espaço onde a matéria se concentra. Sabemos que matéria atrai matéria, logo esta concentração cria um campo gravitacional intenso que irá atrair mais matéria, aumentando o campo gravitacional e atraindo mais matéria. Se a matéria estiver disponível em grande quantidade, a concentração irá aumentando exponencialmente. A compressão desta matéria irá formar uma estrela que empurra a matéria para fora até esgotar seu combustível, quando a estrela colapsa, seu campo gravitacional vence a batalha e atrai mais matéria, num vórtice alucinante: a estrela desmorona sobre si mesma. Ao atingir uma massa crítica a estrela desaparece! É que seu campo gravitacional se tornou tão forte que a própria luz não consegue escapar! Acaba de se formar um buraco negro.

Além de uma linha teórica limite, chamada de horizonte de eventos , nada mais pode ser detectado. Apesar de não ser mais visto, ele continua a devorar matéria. Os únicos indícios de sua presença são as reações extremas da matéria que tenta fugir a este destino, gerando reações de alto brilho ou emitindo radiações de alta energia, como ondas de rádio e raios X, e o desvio da luz circundante que é distorcida por seu campo gravitacional.

Segundo Albert Einstein o centro do buraco negro é uma " singularidade ", um ponto do universo onde o volume tende a zero, enquanto a densidade tende para o infinito. Este panorama é completamente teórico, imaginado pelos cosmologistas para tentar explicar alguns eventos detectados no universo. A idéia que a luz poderia ser atraída gravitacionalmente foi sugerida por John Michell (1724-1793) e posteriormente examinada por Pierre-Simon Laplace (1749-1827). Este fenômeno foi posteriormente confirmado pela teoria de Albert Einsten e na prática, durante um eclipse total do Sol observado do nordeste do Brasil, em 1919. Ambos sugeriram que se a luz fosse atraída por um corpo suficientemente massivo, ela não poderia escapar. O astrônomo alemão Karl Schwarzschild, em 1916 previu a existência de estrelas colapsadas que não emitiriam radiação, e calculou o raio do horizonte de eventos, que hoje chamamos de raio de Schwarzschild. Para termos um buraco negro, uma estrela com dez vezes a massa do Sol precisaria ter sua matéria aglutinada em um raio de aproximadamente 30 quilômetros.

Apesar de teórico, seu modelo matemático é perfeitamente plausível, por este motivo sua existência já é tida quase como uma certeza. Várias tentativas foram feitas para provar sua existência, mas acabam esbarrando no horizonte de eventos. Um campo gravitacional tão forte altera as características do espaço-tempo , uma concepção einsteniana da dualidade do espaço e do tempo, e, a partir deste ponto, nossa matemática tem de ser revista, para atender a parâmetros de difícil entendimento e visualização, como o aumento exponencial do número de dimensões.

Algumas perguntas ficam no ar, quando imaginamos o que está ocorrendo no interior do horizonte de eventos. Existe um limite onde o buraco negro pararia de crescer? Para onde vai toda aquela matéria? Existe matéria como a que conhecemos no interior do buraco negro? Se o tempo é alterado ele poderia ser parado, acelerado ou talvez "invertido"? Poderia existir um buraco branco, o "anti-buraco negro", que despejaria esta matéria em outro ponto do universo? Onde poderia acontecer este fenômeno: em regiões distantes do buraco negro? A matéria poderia ser transferida através de um universo paralelo? Em que época? No passado ou no futuro? Não sabemos. Quanto mais estudamos o problema mais modelos teóricos, cada vez mais complexos são apresentados e aumentam as lista de perguntas a ser respondidas. Alguns autores já o classificaram como "o supremo desconhecível".

Stephen Hawking, um brilhante astrofísico inglês, tem dedicado toda a sua vida ao estudo dos buracos negros e às singularidades do espaço-tempo. Apesar de preso a uma cadeira de rodas devido à paralisia causada por uma doença rara, sua mente extraordinariamente fértil tem surpreendido o mundo seguidas vezes com suas concepções. Segundo sua teoria, buracos negros poderiam se formar de outras formas, além da morte de uma estrela, em qualquer grande concentração de matéria, como o núcleo de uma galáxia, e poderíamos ter mini buracos negros, do tamanho de um próton, gerados no Big-bang que poderiam emitir energia na forma de partículas subatômicas, reduzindo assim sua massa, e desaparecer depois de algum tempo, ao contrário dos mais massivos.

Em 1994 o telescópio espacial Hubble forneceu algumas evidências de que no núcleo da galáxia M87 poderia estar um buraco negro super massivo, equivalente a três bilhões de massas solares.
Recentemente foi descoberto um buraco negro com apenas um centésimo da massa esperada pelos astrônomos: apenas 300.000 massas solares, no centro da galáxia NGC 4395.

12-fev-2002

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