Astronomia no Brasil é um hobby difícil! Temos um céu maravilhoso e nenhum equipamento disponível para observá-lo. Se hoje em dia é difícil conseguir equipamento, imagine na década de 60. Não existia equipamento nacional e o importado era uma quimera. Dinheiro, que eventualmente resolveria o problema, nós não tínhamos.
A única solução era fazer! Se não podíamos comprar, iríamos fabricar nosso equipamento. Fomos taxados de loucos!
Catávamos na sucata, eu e Marcos Alexandre Couto, outro sonhador com quem eu dividia meus sonhos, lentes, óculos, prismas e líamos tudo que encontrávamos sobre o assunto. Montamos arranjos de lentes de todos os tipos e os resultados eram desanimadores. Nossas imagens pareciam com caleidoscópios!
Conseguimos emprestado de um colega um telescópio refletor DFV que era vendido pelo reembolso postal. Pequeno, com um tubo de papelão riscadinho de preto e branco e pés de madeira que pareciam cabos de vassoura: mas funcionava! Passamos as noites seguintes olhando tudo o que conseguíamos apontar.
Encontramos um artigo que falava sobre os refletores, telescópios que não sofriam de aberração cromática e chegamos à solução óbvia: polir um espelho. Para quem nunca fez, parece fácil.
Procuramos uma óptica e tentamos explicar ao técnico da oficina o que queríamos: nada! Ele conhecia óculos e lentes para óculos!
Contornamos o problema mandando fazer uma lente plano/côncava; para ele era uma lente, para nós um espelho. Fornecemos a curvatura, ajudamos a usinar a ferramenta e vigiamos durante horas o polimento.
Corremos a uma vidraçaria e mandamos espelhar a lente, cuidando para que o funcionário não pintasse sobre a prata e estragasse tudo.
Aparentemente ficou um espelho perfeito. Corremos a montar uma estrutura que pudesse suportar o espelho, o diagonal e a ocular e apontamos para o céu: um desastre!
Como isso podia acontecer se as imagens das casas ao longe estavam ótimas? Nós não conhecíamos a aberração esférica!
Procuramos ajuda no único lugar que conhecíamos.
Existia, na Rua Pouso Alegre, no Bairro Floresta, um observatório montado, o Kapa Crucis.
Custamos a criar coragem e fomos visitar o proprietário, um alemão.
Desconfiados como ratos que vão colocar guizos no gato, entramos na casa do Dr. Ernesto Reisenhoffer.
Surpresa! Fomos maravilhosamente recebidos por ele e sua esposa e contamos os nossos planos.
Surpresa maior ainda! Ele achou perfeitamente factíveis nossos projetos.
Disse das dificuldades da construção de bons espelhos, mas que, com dedicação e capricho, poderíamos conseguir.
Deveríamos começar por um espelho pequeno, de no máximo 100 mm. E não usaríamos máquinas, e sim as mãos.
Disse que se ele tinha conseguido, nós conseguiríamos também. E se tivéssemos tempo, ele mostraria para nós sua oficina e o seu observatório. Era muito mais do que havíamos sonhado; nós tínhamos todo o tempo do mundo.
Na oficina mostrou seu aparelho de testes de espelhos (nunca havíamos pensado em testar um espelho). Contou como havia cortado, desbastado e polido seus blocos. Mostrou-nos seu observatório, com uma passarela até uma cúpula metálica com cinzeiros iluminados e exaustor para circular o ar.
Dentro da cúpula um newtoniano de 200 mm de abertura! Subimos e descemos da escadinha vezes sem conta, dividindo o tempo entre a observação e o questionário interminável que fazíamos ao Dr. Ernesto.
Ficamos até tarde observando todo o céu visível naquela noite. Muito mais tarde, quando saíamos, ele nos indicou o nome de um livro que nos daria as bases para o trabalho. Ele mostrou uma brochura, mas não havia meio de copiar. Naquela época, cópias eram feitas na "Termo-fax"; mas só de folhas soltas, eram pouco duráveis, quebradiças e custavam caro!
O livro era "La construction du télescope d'amateur" de Jean Texereau editado pela "SAF - Société Astronomique de France". Era em francês, e nós não entendíamos nada, mas iríamos aprender.
Fizemos anotações de tudo o que o Dr. Ernesto falou, copiamos alguns esquemas do livro e fomos à luta. Enquanto trabalhávamos, procuramos o livro em todos os lugares conhecidos, em Belo Horizonte, Rio e São Paulo. Nada! O jeito era importar.
Preço? Ninguém sabia. A SAF não constava nos catálogos de editoras! Só depois que chegasse!
Após alguns meses de trabalho nasceu um newtoniano de 100 mm f/10, nosso primeiro telescópio.
Quando mostramos ao Dr. Ernesto nosso primeiro espelho, ele ficou encantado.
Elogiou o acabamento, a lapidação da bordas e até o estojo que fizemos para transportar nossa obra prima em segurança.
Chamou sua esposa e nos apresentou como os maiores fabricantes de espelhos do mundo e nos garantiu que poderíamos partir para vôos mais altos.
Nosso próximo passo deveria ser um 150 mm. Esférico f/10 para evitar as dificuldades de execução de um espelho curto.
Compramos vidros comerciais de 20 mm, cortamos e polimos durante três ou quatro meses. Tivemos sérios problemas nos testes, mas finalmente conseguimos montar um telescópio grande.
Realmente era um trambolho. Transportá-lo sem um carro dos grandes era impossível, mas prestou bons serviços por anos a fio, mesmo ficando limitado ao nosso quintal.
Participamos de alguns cursos e reuniões do CEAMIG - Centro de Estudos Astronômicos de Minas Gerais, organização com muitos anos de existência, que na época era coordenado pelo prof. Bernardo Riedel. Com o próprio Bernardo, e alguns dos freqüentadores das reuniões é que discutimos os primeiros trabalhos e levantamos as primeiras idéias para os trabalhos aos quais poderíamos nos dedicar.
Época difícil de cursinhos e vestibulares para o curso de engenharia e, para compensar, muita farra. Do livro do Texereau nada! Acabei criando coragem e resolvi fazer o pedido à Livraria Oscar Nicolai e ficamos aguardando notícias.
Um dia o livro chegou! 9 de dezembro de 1967! Um livro lindo, de capa dura, mais completo que a brochura do Dr. Ernesto e mais caro do que esperávamos, mas dava para pagar. Este livro é até hoje a bíblia dos construtores de telescópios amadores de todo o mundo.
Agora poderíamos pensar em construir um espelho parabolóide, de grande abertura. Sonhamos com este espelho por muito tempo, mas não existiam blocos adequados no Brasil. O Dr. Ernesto havia usado uma escotilha de navio para fazer seu 200 mm.
Compramos material e começamos a fazer um espelho de 170 mm f/6 para o Marcos Couto. Como apanhamos! Fazíamos testes, líamos o livro, fazíamos os procedimentos recomendados e montávamos o telescópio. O resultado era horroroso. Como aprendemos! Como o livro era francês, eu tinha grande dificuldade em traduzir as minúcias da linguagem técnica para o perfeito entendimento do processo.
Pedi a uma colega de trabalho, aluna da Cultura Francesa, para me ajudar e a tradução ficou pior que a minha. Comecei a andar o tempo todo com o livro e ficava lendo e relendo os capítulos mais objetivos até entender. Isso ocupava os intervalos das aulas e até algumas das aulas mais chatas do curso de engenharia, chamando a atenção de alguns colegas. Um deles, o Antônio Carlos Berto, amigo desde a época do cursinho, e seu colega João Geraldo me pediram o livro emprestado. Eu enrolei o mais que pude, mas não tive como negar.
Eles levaram e o livro sumiu! Fiquei desesperado, cobrando do Berto e do João Geraldo diariamente, e eles me traziam a cada dia uma desculpa. Quando não deu para agüentar mais, propus a eles irmos buscar o livro juntos, para não ter jeito de enrolar! No caminho eles confessaram que o livro estava com o chefe deles, o Kleber Rettore de Almeida.
Fomos à casa do Kleber, um apartamento na rua Dante, e lá estava o meu livro. O Kleber estava estudando o livro para tentar corrigir o que ele chamava de "espelho cúbico". Um espelho de 125 mm de diâmetro, 125 cm de distância focal e havia custado 125 paus (cruzeiros, eu acho, depois do Cruzeiro Novo: já havia começado a ciranda monetária). Uma nota, na época. Ele havia gastado um bom dinheiro na fabricação de uma montagem equatorial, com sistema de acompanhamento para instalar numa casa que iria construir no bairro Santa Inês. Na época, um bairro retirado, sem a poluição luminosa da cidade e sem prédios que pudessem obstruir o horizonte. Só que o telescópio tinha uma imagem horrorosa. O Kleber estava desiludido com a imagem dos refletores e o "espelho cúbico" era o X da questão.
Nem redondo ele era! Conversamos e tomamos cerveja até tarde, discutindo as vantagens dos refletores versus refratores. Como o Kleber estava irredutível, o que lhe custou o apelido de "Krebius Obtusus", eu resolvi provar meus pontos, emprestando a ele um espelho de 135 mm f/11 que eu estava terminando. Espelhamos antes de concluir o polimento e o espelho ficou "fubazento" como disse o Kleber. Fizemos a montagem provisória em um tubo de esgoto de PVC, transferimos os acessórios do telescópio de 125 mm para o novo tubo e montamos o equipamento.
O Kleber apontou para Saturno, ajustou o foco e disse:
Cavalheiro, estou vendo céu através da divisão de Cassini. Este telescópio não sai daqui nunca mais!
Não pude terminar meu telescópio, mas ganhei um amigo e sem maiores cerimônias lançamos a pedra fundamental do Observatório Phoenix. Na verdade o nome só apareceu alguns anos mais tarde, quando o Kleber terminou a construção da sua casa e nós fizemos uma cúpula.
A cúpula era um sonho de muitos anos de observação ao ar livre. Ela poderia mudar radicalmente os nossos procedimentos de trabalho. Começamos estudando as alternativas de material e de construção. Pelo Kleber, ela seria um caixote de placas de "eucatex". Eu ponderava, a favor da estética e da durabilidade, pela construção de uma cúpula de alumínio. Seria uma estrutura de madeira revestida de alumínio. Aí nos lembramos dos comentários do Dr. Ernesto sobre a fornalha que sua cúpula metálica virava durante o dia. Meu pai sugeriu a construção de uma cúpula de argamassa armada. O problema é que a abertura da porta desestruturava toda a armadura. Acabamos optando por uma "casca de ovo" feita de resina poliéster armada com fibra de vidro. O problema agora era a construção do molde. Como era uma peça única, leve e barata, não poderíamos gastar muito no molde. A solução veio com a construção modular.
Fizemos um molde triangular, conformado a martelo na curvatura adequada e moldamos 36 módulos, que foram literalmente costurados uns nos outros e depois revestidos com uma nova camada de manta e resina. A porta foi recortada após a montagem e estruturada com madeira e a saia foi moldada à parte, em placas planas. A cúpula inteira ficou pesando 30 kg. Era bastante isolante e se mostrou à prova d'água, mesmo sob as mais violentas tempestades tropicais. Só tivemos uma ocorrência de entrada de chuva, quanto uma tempestade arrancou a porta. Concluímos o trabalho, pintando a cúpula de branco, com uma tinta emborrachada, que prometia proteção contra os raios ultravioleta que poderiam deteriorar a resina. Neste ponto decidimos que o observatório precisava de um nome. No zênite estava Crater, a taça, mas nós achamos que não seria bem visto um logotipo com uma taça. Então resolvemos verificar qual constelação dominava nosso céu na data da instalação do telescópio e encontramos Phoenix um pouco para o sul. Usando as linhas adotadas por Donald H. Menzel em seu manual de campo, fizemos nosso logotipo. Dia 12 de maio de 1974 fizemos uma chopada para os amigos e inauguramos nosso observatório.
O Kleber havia conseguido com amigos uma redução de coordenadas que posicionou a base do telescópio com grande precisão. Isto nos permitiu fazer cronometragens de ocultações de estrelas pela lua mais consistentes. Daí foi só registrar o observatório.
A construção da cúpula permitiu que o equipamento ficasse instalado definitivamente no interior do observatório. E os trabalhos se tornaram mais freqüentes e confortáveis. Não sofríamos com o frio e o telescópio não era afetado pelo vento.
Decidimos construir um fotômetro. Adquirimos os filtros UBV e montamos o conjunto. Construímos o suporte da fotomultiplicadora, diafragmas de 2 a 0.1 mm, com um diagonal basculante para permitir a centragem, e suportes de encaixe para os filtros. A fotomultiplicadora 931-A tinha um nível de ruído quase igual ao do fundo do céu.
Provavelmente alguém abrira a embalagem, talvez os fiscais alfandegários, e a expusera à luz. Guardamos a válvula no escuro, dentro de um saco de papel fotográfico, e pusemos na geladeira por uma semana. O nível de ruído baixou e conseguimos muitas medições.
Tivemos uma fase de trabalhos intensos, com grande número de observações, muita fotografia e trabalhos enviados. Conseguimos reunir vários astrônomos amadores e voluntários para trabalhos em eclipses. Cronometramos e fotografamos vários eventos. Mas a cidade foi crescendo e a poluição luminosa atingiu o limite de ruído da nossa fotomultiplicadora. Os nossos 135 mm não eram mais suficientes! Eu estava trabalhando na construção de um Cassegrain clássico de 150 mm. Mudamos nossos planos e o transformamos em um newtoniano f/4,8. Conseguimos uma fotomultiplicadora RCA-1P21, muito mais sensível que a 931-A e pudemos continuar os trabalhos. Mas a poluição continuava aumentando. Fizemos algumas contas e concluímos que 150 mm de abertura não iriam solucionar o problema do fotômetro por muito tempo, precisaríamos de um telescópio maior.
Decidimos construir um telescópio de grande abertura para o fotômetro. Inicialmente não nos preocuparíamos muito com a qualidade óptica, já que o fotômetro lê uma imagem desfocada, de cerca de 6 mm de diâmetro. Nossa cúpula era pequena e o telescópio não poderia ser longo. Blocos de grande espessura também não eram disponíveis. Teríamos de fazer uma célula com vários pontos de apoio para impedir a flexão da objetiva. Pesadas todas as alternativas, optamos por um Cassegrain.
Horace Dall havia publicado na Sky & Telescope um artigo sobre as facilidades da construção de um espelho secundário esférico versus o tradicional hiperbolóide do Cassegrain clássico. Para compensar esta curvatura, o primário deveria ser um elipsóide de revolução. Tudo bem. Já sabíamos testar os parabolóides e o teste do elipsóide é feito da mesma maneira.
Decidimos montar um Cassegrain Dall Kirkhan de 300 mm F/15.
A montagem deveria ser em forquilha, senão não caberia na cúpula. Conseguimos em uma vidraçaria um retalho triangular de vidro de 27 mm de espessura de aproximadamente meio metro quadrado. Para cortar o vidro, o funcionário pediu um diamante e uma marreta! Antes que a linda placa virasse farelo, resolvemos arrematar a peça inteira. Cortamos os discos e iniciamos o trabalho de polimento. Paralelamente projetei a estrutura. Quando mandei cortar a maçarico as chapas para a forquilha, o Kleber olhou aquelas chapas feias, meio empenadas e quis abandonar o projeto. Decidi importar um Celestron 8, o telescópio considerado como o padrão para os amadores nos Estados Unidos. Se tudo desse errado teríamos uma alternativa. Fiz a usinagem dos componentes, soldamos as chapas usando um torno grande como gabarito de centragem e fizemos um acabamento prévio. Foi o bastante para reacender o ânimo do Kleber e o projeto deslanchou. Cada peça nova que fabricávamos, aumentava a vontade de ver o telescópio funcionando. Mas polir um espelho com superfície asférica não é brincadeira. Se você faz algo errado, ele tende a voltar a ser esférico! É difícil contrariar a natureza! Foram 5 meses de correções para conseguir um bom espelho primário. O Kleber demoliu a base do newtoniano e reformou o interior do observatório. Os amigos da RFFSA contribuíram fundindo e usinando uma coroa de bronze de 250 mm de diâmetro para o mecanismo de acompanhamento. Cortamos a cúpula aumentando sua abertura de 400 para 600 mm. Fizemos uma porta nova e em março tornamos operacional o novo telescópio. Ficou lindo. Para nossa surpresa a imagem era bastante boa. Enquanto o Kleber trabalhava com o fotômetro com entusiasmo redobrado, fiz outro espelho secundário para melhorar a imagem, de modo a permitir observações diretas. O peso do fotômetro e a sensibilidade para o posicionamento das estrelas dentro do diafragma, nos obrigaram a modificar o sistema de focalização para o espelho secundário e realinhar o telescópio com o polo. A cada dia aparecia uma novidade que exigia modificações e novos recursos para o observatório. O Celestron 8 chegou e deu mais uma arrancada nas nossas possibilidades. Foram anos de trabalho assíduo e produtivo que nos tirava da cama de madrugada ou nos fazia varar a noite.
Adquirimos nossos primeiros computadores, os famosos CP-500, o que tornou possível o cálculo de efemérides antes só obtidas a duras penas. Tivemos de aprender um pouco de programação e aplicações da geometria esférica para criar nossos programas. Muito poucos programas eram disponíveis na época, mas as revistas especializadas já começavam a se interessar pelo novo recurso. Garimpávamos listagens de programas em Basic e Fortran, e os adaptávamos, linha a linha, às nossas máquinas. Fizemos nossos primeiros arquivos de dados e de registros.
O encerramento dos trabalhos de redução de dados do Centro Internacional de Ocultações Lunares do Japão deixou-nos sem uma programação rotineira de observações, quebrando o ritmo do observatório. Passamos a nos dedicar mais aos chamados dos boletins de observações solicitadas pelo Observatório Nacional, AAVSO - American Association of Variable Star Observers através da UBA- União Brasileira de Astronomia, da LIADA- Liga Ibero-Americana de Astronomia, do CARJ- Clube de Astronomia do Rio de Janeiro e do CEAMIG - Centro de Estudos Astronômicos de Minas Gerais. O Kleber montou um laboratório fotográfico para nos permitir revelar e copiar rolos e rolos de filme Tri-X.
Nosso período de bonança teve um baque com o aparecimento de doença na família do Kleber. Seguiram-se anos de provação que terminaram levando nossos amigos. Com o falecimento prematuro de Marny, sua esposa, Ângela, sua filha e do próprio Kleber, tudo num espaço de dois anos, o observatório permaneceu fechado. Perdemos as facilidades de trabalho do observatório e a preciosa mão de obra e conhecimento do astrônomo chefe. O equipamento móvel ganhou maior importância, principalmente à medida que os níveis de poluição cresciam.
O crescimento da cidade, a construção de prédios e a poluição luminosa, aliada ao aumento de tráfego nas imediações do observatório tornaram impossível sua operação, e a mudança para um local mais adequado é agora imperiosa. O local já está disponível, 25 km a leste de Divinópolis, numa área rural, sem poluição e com pouca iluminação.
Esta mudança, apesar de permitir uma melhoria na qualidade do céu traz um grave inconveniente: a assiduidade do trabalho. Será difícil manter um programa de observações intenso num telescópio colocado a 150 km de casa. Por outro lado, é mais penoso deixar o observatório ocioso. Estou providenciando a construção de uma nova base, reformando a cúpula e revisando as partes mecânicas e os componentes elétricos e eletrônicos do telescópio. Acredito que em breve poderemos voltar a nos deliciar com as facilidades de um observatório fixo nesta nova localização.
O advento da internet permitiu dedicar parte deste tempo ocioso a uma maior interação com o meio astronômico, através dos "papers" e "press releases" dos grandes observatórios e dos boletins "on line". Para divulgar nosso trabalho e a astronomia, decidi então montar esta página, onde os amadores podem encontrar informações básicas e suporte, tanto na área da astronomia, como para a construção de seus telescópios.
Estamos respondendo a um bom volume de consultas de amadores, alunos e professores, e orientando vários empreendedores que estão construindo seus primeiros telescópios. Nosso conhecimento permitiu também desenvolver alguns projetos de telescópios para o Ceamig (Atlas), para a PUC-Minas (Gaia) e para o Observatório Sonear, famoso por descobrir cometas e asteróides.
Numa parceria com o professor Luiz Ferraz Neto, de Barretos-SP, disponibilizamos estes dados também através do site Feira de Ciências.