O primeiro de setembro de 2005 foi a data escolhida para a primeira luz de um estranho e gigantesco telescópio, o SALT, o maior telescópio óptico do hemisfério sul, montado próximo à Sutherland, na África do Sul, nos limites do deserto de Kalahari.
O novo observatório custou apenas 18 milhões de dólares, um valor considerado muito baixo em relação às dimensões do instrumento, e permitirá um acesso sem precedentes aos ricos céus do hemisfério sul.
Uma enorme estrutura com uma inclinação fixa de 37 graus da vertical suporta um espelho hexagonal esférico de 11 metros, formado por 91 segmentos hexagonais, apoiados em sensores e alinhados eletronicamente. Contrariando a tendência dos modernos telescópios altazimutais, a estrutura se movimenta apenas em azimute, com uma liberdade de 540 graus. Esta montagem singular permitirá a observação de apenas uma faixa de céu, limitada a 85 graus de largura, a mais rica, entre as declinações 10º norte e 75º sul. O SALT é baseado no HET - Telescópio Hobby-Eberly montado no Texas, mas com várias modificações para otimizar alguns aspectos, onde dificuldades foram encontradas no telescópio original.
O estranho arranjo reduziu o custo da instalação, mas aumentou a complexidade do sistema óptico e de acompanhamento. O telescópio permanecerá fixo, enquando um secundário móvel, correndo sobre um trilho curvo, coletará a luz e fará o acompanhamento durante duas horas de cada vez, cobrindo uma "janela" de 12 graus.
O conjunto do secundário é composto por um robô com seis graus de liberdade que coleta a luz e a envia aos instrumentos: uma câmara para geração de imagens (SALTICAM), o espectrógrafo de alta resolução (HRS) e o espectrógrafo de imagens do foco primário (PFIS).
Um ponto a favor do SALT, de acordo com os astrônomos, é sua localização, num dos pontos mais escuros do mundo. Sem cidades próximas o observatório será pouco afetado pela poluição luminosa que compromete seriamente vários observatórios do hemisfério norte.
O SALT é o resultado da parceria formada pela África do Sul (National Research Foundation), Alemanha, Polônia (Nicolas Copernicus Astronomical Centre), Estados Unidos (Universidade de Wisconsin, Madison e Universidade Rutgers), Nova Zelândia e Reino Unido.
Sua localização, aliada aos grandes telescópios da Austrália e do Chile, permitirá pela primeira vez a observação contínua, 24 horas ao dia, de objetos situados na sua faixa de cobertura.