Muitos amadores sonham em construir uma cúpula para abrigar seus aparelhos. Isso aconteceu conosco e dedicamos algum tempo estudando as alternativas mais práticas, sem deixar de lado a estética.
Alguns amadores optam pela construção de um teto deslizante, que resolve parcialmente o problema, mas não evita a ação do vento, principalmente quando se dedica à fotografia ou à fotometria, onde oscilações do instrumento podem comprometer os resultados, além de exigir "trilhos" externos.
Este era o nosso caso. Partimos então para uma análise das cúpulas mais usadas.
Cúpulas poliédricas, apesar das facilidades da construção, são extremamente feias.
A construção tradicional em gomos planos, exige uma estrutura interna, em madeira ou metal, a execução e a junção das peças é muito trabalhosa e resulta em grande perda de material. Nosso clima, com dias ensolarados e úmidos exigem a utilização de materiais resistentes, mas as chapas metálicas tornam muito quente o ambiente durante o dia e frios à noite. Alguns fabricantes chegam a construir cúpulas de madeira que são depois revestidas com chapas metálicas.
Acabamos por optar por um material isolante, leve e resistente: resina armada com fibra de vidro. Mas como construir a fôrma?
A primeira idéia foi moldar chapas planas em forma de fuso, usando uma folha de "eucatex" como base, mas a cúpula ficaria "facetada". Depois de muita discussão acabamos por optar por uma cúpula esférica, esteticamente mais bonita e estruturalmente mais resistente.
Mas se construída da maneira tradicional, os fusos esféricos necessitariam de fôrmas muito grandes.
Após uma análise trabalhosa e muitos rabiscos, chegamos a uma construção da esfera usando módulos triangulares e quadrados de dimensões razoáveis.
Este procedimento permitiu a moldagem de módulos pequenos, sobre uma fôrma fácil de ser construida.
Fazendo os cálculos para uma cúpula de raio unitário, encontramos os comprimentos:
arco ab= 0,6435
arco ao= arco bo= 0,6847
arco do módulo de canto bc= 0,4636
Definidos estes números, calculamos as medidas para um raio de 1100 mm e moldamos a martelo um pedaço de chapa de alunínio ligeiramente maior, para permitir o recobrimento. O raio foi controlado com um gabarito de madeira. Três pinos (pregos) marcaram os pontos de encaixe e montagem.
Os módulos foram costurados uns aos outros e revestidos externamente com uma nova manta de fibra de vidro e resina. A parte da saia, cilíndrica, foi moldada à parte em folhas planas. A espessura final ficou com cerca de 2 milímetros. Assim obtivemos um hemisfério, com uma forma quase exata. Após a instalação de alguns reforços internos instalamos um trilho de aço tubular para o apoio e recortamos a porta de 40 cm de largura. O acabamento foi feito com lixa e em seguida foi aplicada externamente uma camada de tinta emborrachada branca, para proteção da resina contra os raios ultravioletas, e tinta grafite internamente.
A cúpula completa, com os reforços, a porta com as guias e o trilho ficou pesando 30 kg, e pôde ser transportada facilmente em uma carretinha para o observatório. Quando trocamos o telescópio foi feita uma nova porta de duas seções e a abertura foi aumentada para 60 cm.
Para a mudança, a cúpula passará por uma restauração completa. Os suportes de madeira instalados na parte interna foram parcialmente destruídos pelo tempo e pelos cupins. Apesar de pouco necessários como elementos estruturais, ajudam a manter a forma esférica da fibra de vidro na região da porta, evitando a flexão das laterais. Esta estrutura sofrerá inevitavelmente alguns esforços, principalmente durante o transporte.
Os patins de deslizamento da porta serão trocados e sua altura será ligeiramente aumentada. Um novo sistema de bloqueio será instalado para evitar que a tampa superior seja arrancada por temporais.
A cúpula receberá uma nova pintura após a reinstalação.
