Existe muita resistência por parte dos Atm's novatos quanto ao limite de flexão dos espelhos de telescópios. Quase todos preferem ignorar os fatos e tentam partir para a construção de espelhos maiores, dificílimos de concluir com uma qualidade aceitável.
Alguns chegam a interpretar como uma ofensa pessoal esta advertência, e muitos blocos foram abandonados durante o processo.
Para o vidro este limite obedece a fórmula:
Esta fórmula não é teórica; é empírica! Foi determinada por medições práticas! Quando estes limites são ultrapassados, as tolerâncias de erros na superfície são menores que a flexão do vidro causada pelo seu próprio peso contra os seus apoios e acabam exigindo células especiais.
Isto não é teoria! É um fato comprovado!
O nosso vidro comum ("soda lime plate glass" ou vidro plano verde de laminação contínua) de 19 mm (3/4") atende à formula até o limite de 16 cm para o diâmetro. Alguns Atm's chegam a fazer espelhos com 18 cm e até maiores, mas exceder este limite é optar por um procedimento arriscado para iniciantes. Trabalhar com blocos finos é mais difícil e exige maior conhecimento.
O vidro tem recebido muitas críticas, sob alegações que o vidro é líquido e escoa com o tempo. Na verdade o vidro é um sólido amorfo, isto é, não cristalizado. O escoamento é apenas teórico e não pôde ser medido ao longo de centenas de anos. O vidro cristalizado ou temperado tem tensões internas que o deformam com a variação de temperatura, inviabilizando seu uso.
Há quase 400 anos que se buscam alternativas para este problema. Depois dos espelhos metálicos foram desenvolvidos blocos de vidro nas mais diversas composições, borosilicato, sílica fundida, Pirex®, Zerodur®, quartzo, berilo, etc., mas todos eles têm suas limitações e custos crescentes. Até a obsidiana, uma rocha vítrea, já foi usada nestas tentativas. Pesquisas estão sendo feitas com blocos de resina, mais leves, caros e flexíveis, para aplicações espaciais.
Apesar de suas limitações, o vidro ainda é o melhor e mais econômico material disponível para a construção dos nossos telescópios.
Ignorar estas limitações é um procedimento insensato. Se você decidir adotar este caminho é provável que nunca venha a construir um telescópio digno deste nome.